Teresa Kutala África do Sul, 1993

Apresentação

A obra de Teresa Kutala Firmino negoceia traumas, tanto pessoais como colectivos, na vida quotidiana. As suas pinturas são cenas construídas do passado e do presente, que por vezes se entrelaçam. Firmino recolhe cuidadosamente imagens de revistas, jornais, documentos históricos e redes sociais e coloca-as em palcos coloridos, semelhantes a caixas. Isto cria cenas surrealmente barrocas que se desenrolam em interiores bem confinados, onde as personagens têm a oportunidade de reencenar as suas histórias ou construir novas. Este processo permite a Firmino criar narrativas alternativas do passado, presente e futuro de África, reconstruindo assim o seu próprio arquivo da história africana.

 

Firmino procura investigar o trauma que os africanos da sua comunidade e de outras comunidades sofreram e continuam a sofrer devido à colonização, às guerras civis e aos obstáculos atuais. As suas próprias histórias começam com o trauma coletivo de Pomfret. Situada na Província do Noroeste da África do Sul, e local onde nasceu, Pomfret é uma comunidade de antigos soldados do 32º Batalhão e das suas famílias, muitos dos quais se estabeleceram ali após o fim da Guerra das Fronteiras da África do Sul.

 

Kutala Firmino analisa a forma como, apesar do trauma que sofreram, muitas destas mulheres tiveram de continuar a viver com os seus agressores. A artista interroga-se sobre o que é o corpo e a mente da mulher negra que, apesar do trauma, continua a prosperar. Estará ela verdadeiramente a viver, ou estará em constante melancolia, uma vez que existe no rescaldo do colonialismo, da guerra civil e da traição? Estará a negociar o trauma ao perceber que o seu agressor é possivelmente parte de um ciclo maior de abuso?

 

Teresa Kutala Firmino é uma artista multimédia, atualmente sediada em Joanesburgo, que trabalha com pintura, fotografia e performance. Faz parte de um coletivo chamado Kutala Chopeto, que começou como uma investigação sobre a sua história comum, que está ligada ao 32º Batalhão, os soldados que se estabeleceram em Pomfret após a Guerra das Fronteiras.

Obras
Exposições
Press