BIOGRAFIA DO TRAÇO

Coleção de desenhos do MNAC
25 Outubro 2024

O ESPAÇO FECHADO DA MELANCOLIA

 

António Faria cria florestas desenhadas, mas as suas intenções são outras. Explora uma tristeza profunda através de pequenos gestos, em traços ondulantes e precisos, inesperadamente criativos de folhagem miúda, de um pequeno ramo que a outro se segue até ao emaranhado entrelaçado e sensível. Na expressão mágica de um natural recolhimento pressentese a importância da melancolia e desse distúrbio ou distorção do humor, nas linhas sinuosas das árvores, por vezes, em experiências imersivas, outras, no espaço fechado de uma sala, agravado pela reduzida utilizaçao de cores, em azuis, pretos ou vermelhos vibrantes.

 

Sousa Pinto, autor português de longe, escolheu França como o espaço fechado das suas paisagens, em abordagens campestres, próximas deste prazer minucioso, experimentado nos traços pormenorizados das árvores e de breves e inúmerosfilamentos naturais.

 

Uma abreviatura temporal centenária aproxima a técnica de dois artistas, tão diferentes no traço. A liberdade do gesto de António Faria contrasta com o rigor de desenho de João António Correia. Em comum, trataram a técnica do repasse como finalidade última da emoção. A frente do papel, colorida e manchada como o artista pretende, surge através do domínio do trabalho de repasse, no verso, para a obtenção do efeito desejado e preciso. Ficamos com o outro lado da melancolia e a expressão mais profunda do retrato de um jovem.

- MARIA DE AIRES SILVEIRA

 

A exposição está patente até ao dia 26 de Janeiro de 2025

Morada: MNAC_Rua Serpa Pinto, 4 | Rua Capelo, 13, 1200-444 Lisboa

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