When The Sky Split Open: SOLO SHOW BY Ibrahim Bemba Kébé

Apresentação

When The Sky Split Open é  a primeira exposição a solo que constitui, simultaneamente, a estreia internacional, do jovem artista maliano Ibrahim Bemba Kébé.

 

Num tempo pautado por crises de pertença, fraturas espirituais e desejos de reenraizamento, Ibrahim Bemba Kébé apresenta um corpo de trabalho com 14 obras totalmente inéditas, produzidas ao longo de 2025, que edificam uma cosmogonia especulativa onde o corpo, o gesto, a memória e os símbolos se entretecem, para instituir uma gramática visual de rara densidade.

 

O título da mostra sugere uma fenda ontológica. A abertura de um campo espaciotemporal onde o visível e o invisível, o sagrado e o político, a herança e a imaginação se entreolham, não como opostos, mas como forças complementares. A dimensão poética de Ibrahim Bemba Kébé parte da matéria, onde a serapilheira, as rendas, os tecidos reutilizados, os búzios, a madeira e os pigmentos formam o léxico táctil de uma linguagem que se revela íntima e ancestral.

 

A sua obra, do ponto de vista técnico, assenta intrinsecamente numa abordagem híbrida, que cruza pintura em baixo-relevo e instalação têxtil. Onde se convocam as tradições estéticas da África Ocidental (com particular ênfase na iconografia soninké, bambara e mandinga), mas sempre numa recusa imperiosa de qualquer folclorização ou estetização do exotismo. Em vez disso, Ibrahim Bemba Kébé inscreve o seu gesto artístico numa linhagem espiritual e crítica, onde a obra opera como forma de escuta, mediação e transmissão.

 

O artista é um construtor de pontes entre tempos e mundos. O seu universo visual articula uma herança cultural e espiritual e uma contemporaneidade radical, numa síntese em que o gesto ritual se projecta para o futuro sem perder a escuta do passado. Propõe uma via para repensar o lugar do sagrado e os modelos de transmissão de conhecimento nas sociedades pós-coloniais. Entre o peso da memória e a urgência de um porvir habitável, Kébé reafirma a dignidade do gesto criador como gesto de escuta, resistência e emancipação.

 

“When The Sky Split Open” configura-se como uma epifania. Um espaço de suspensão e rito, onde se escuta o murmúrio do que insiste em permanecer. Um espaço onde, talvez, o céu continue a rasgar-se — para que possamos escutar aquilo que ainda não tem nome.

Obras