FLORES DELICADAS QUE NÃO TÊM MEDO DA MORTE: EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE ANTÓNIO FARIA
A mostra reúne mais de 30 trabalhos totalmente inéditos de desenho, escultura e vídeo-instalação, patenteando a mais recente fase criativa de uma prática artística inveteradamente moldada pelo desenho.
Uma produção onde as composições, descendendo da melancolia - essa "bílis negra" da revelação, do autoconhecimento e das conexões universais - transcendem a mera mimetização do mundo natural para nos oblatar um vislumbre do seu espírito e da sua força telúrica.
Pendendo entre o formato exíguo e o monumental, as composições patentes afirmam-se pela sua Sumptuosidade, à luz de um labor artístico contínuo, quase compulsivo, de desenho diacrónico que António Faria imprime ao papel.
Apresentam-se obras delineadas em matizes monocromáticas que evocam uma paisagem simultaneamente natural e rica, mas quase transversalmente permeada pela intuição de ausência humana. Uma Natureza em funestação mas que defronta a morte e através da qual se ausculta o espírito incógnito de uma holocenose onde vibra uma força insondada.
Natureza que ora é camuflada, ora é camuflagem. Cinzelada! Que se traduz em paisagem-palco da encenação de emoções para plasmar uma cosmovisão do íntimo.
É através da cor, de um “Panetone” perlustrado à exaustão, e da dramaticidade infundida ao desenho cinzelado de ´“As Vizinhas” de “Paraísos Artificiais”, habitados de “Flores Delicadas Que Não Têm Medo Da Morte”, que compreendermos as relações conceptuais que compõe a paisagem interior de António Faria, que aqui tece um jogo surrealizante de ocultação-desocultação onde ele mesmo se apresenta em “Autorretrato em Movimento” como o diletante protagonista de uma narrativa invertida.