Pocket Universes: The Policy of (Im)Possibilities: Group Show
Com curadoria de Jamil “Parasol” Osmar, a mostra integra cerca de 23 obras maioritariamente inéditas, através das quais é proposta uma reflexão em torno da noção de interação humana em particular, os momentos de conexão e de colisão que se geram a partir destes encontros, intrínsecos à experiência humana.
Com obras de Pedro Pires, Rómulo Santa Rita, Mumpasi Meso, Luís Damião, Benigno N’sito, Mariana Dias Coutinho, Stephané E. Conradie, Uolófe, Sapate e Osvaldo Ferreira, a exposição assinala a abertura do programa anual da galeria de Angola.
Os momentos de conexão estabelecidos entre nós e os outros, por mais ínfimo e redundante que seja o tempo partilhado, é algo que se tem revelado profundamente enriquecedor e imperativo no tempo histórico que vivemos.
Consequência de um repentino estado de aceleração, auscultamos o declínio concomitante da experiência humana na contemporaneidade, lapidado por uma tendência para a subtração dos sentidos que decorre do desenvolvimento dos processos comunicativos digitais. Habituamo-nos assim a desvalorizar o tempo partilhado com quem habita ao nosso redor. Não obstante a constatação, a necessidade de interconectividade tem-se manifestado como um imperativo de tendência universal.
Somos, cada um - um entre milhões - elementos agregadores e produtores de pensamentos e histórias. Somos todos e cada qual, pequenos universos de bolso que se atravessam, que se cruzam, que colidem constantemente, impulsionando essa exibição extraordinária que é a "experiência humana".
Embora os universos de outrem nos possam parecer por vezes lugares estranhos, não são tão distintos dos nossos. Haverá sempre uma forma de nos relacionarmos nesses planos de existência hipotéticos autocontidos que coexistem com os nossos.
O mesmo pode ser dito sobre as obras patentes em “Universos de bolso: a política das (Im) Possibilidades”. Cada qual constrói e acrescenta traços ao discurso global ali contido.
As obras de RÓMULO SANTA RITA, OSVALDO FERREIRA e LUÍS DAMIÃO retratam as interconectividades nas áreas urbanas vividas por muitos de nós. Outros evocam portentosos momentos íntimos, a sós ou partilhados, nas obras etéreas de BENIGNO N’SITO, PEDRO PIRES e UÓLOFE GRIOT, paisagens nascidas de uma catástrofe interna ou de uma comunhão colectiva. O trabalho de STEPHANÉ CONRADIE reúne objetos encontrados e coletados que lembram as bugigangas que decoram as casas da classe trabalhadora e média em toda a África do Sul, incluindo também outras sociedades pós-coloniais. MARIANA DIAS COUTINHO retrata o corpo como manifestação da problemática do espaço público e do espaço privado, as suas diferentes regras e interações, questionando a reflexão das convenções, e como a própria individualidade é projetada. Finalmente, o trabalho de SAPATE e MUMPASI MESO exploram a natureza humana, emoções, experiências, sentimentos, com um foco nas relações humanas.
É uma mostra comprometida com a elucidação sobre padrões e reflexões disruptivas, que não só determinam o presente da experiência vivencial como consequentemente, obscurecem um futuro que através dela se sonda.