Manuela Pimentel

The Visual Poetics of Memory and Revolution
Abril 5, 2025
Manuela Pimentel

Manuela Pimentel

Manuela Pimentel destaca-se como uma voz única na arte contemporânea portuguesa, utilizando a linguagem dos azulejos para tecer narrativas intricadas sobre memória, identidade e resistência. A sua recente exposição individual, Poéticas Revolucionárias, apresentada pela primeira vez no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, e posteriormente no México, reafirma o seu compromisso com a narrativa artística através de um meio profundamente enraizado no património cultural português. Além disso, a sua presença na exposição coletiva Memórias, Legados, Mutações”, no “Museu de Arte de Macau - MAM”, expande o seu diálogo para além das fronteiras nacionais, posicionando o seu trabalho no discurso global da arte contemporânea.

A artista encontra-se a apresentar um trabalho totalmente inédito numa das mais prestigiadas feiras de arte contemporânea de Paris, a Art Paris, onde já esteve em 2023.

A feira que decorre no Grand Palais de 3 a 6 de Abril.

A sua obra é apresentada ao lado de Ana Malta e António Faria.

 

Sobre Manuela Pimentel

 

Biografia

Nascida em Portugal, Manuela Pimentel construiu uma carreira que funde de forma harmoniosa o artesanato tradicional com práticas artísticas contemporâneas. Licenciada pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, desenvolveu uma abordagem distintiva que reinventa a tradição do azulejo ao integrar fragmentos de cartazes urbanos e narrativas visuais em camadas. O seu trabalho tem sido amplamente exibido em Portugal e internacionalmente, com exposições notáveis em museus e galerias na Europa, América Latina e Ásia. A sua trajetória artística é marcada por uma exploração contínua do tempo, da história e da memória cultural, tornando-a uma figura significativa na cena artística contemporânea.

 

O trabalho de Manuela Pimentel caracteriza-se por uma fusão harmoniosa de influências da cultura histórica erudita e elementos da cultura popular, produzindo um corpo de obra multifacetado e profundamente texturizado que reflete a complexidade e a riqueza da identidade cultural portuguesa. A sua obra combina elementos da azulejaria local com a estética da arte urbana, inspirando-se na tradição e cultura nacional e na produção pós-guerra de artistas como Mimmo Rotella, Raymond Hains e Jacques Villeglé.

 

Incorpora nos seus murais fragmentos de cartazes de rua, erodidos pelo tempo, que recolhe e reutiliza para os converter na superfície primária das suas intervenções pictóricas. Através do uso de tinta acrílica, recria magistralmente as figuras tradicionais da azulejaria da Idade de Ouro do Barroco português, explorando a sua linguagem estética, cores convencionais, iconografia e estilo.

 

Sobre Manuela Pimentel

 

Ao fundir estes elementos com resinas, argamassas rudes e luzes de néon que caracterizam a sua produção artística, Manuela Pimentel redefine o papel do azulejo, promovendo a sua transição de uma expressão meramente decorativa para uma afirmação artística global que transcende as fronteiras da memória coletiva e do contexto cultural.

 

Através desta combinação, a artista explora os conceitos de impermanência, dualidade e ambiguidade. Integra habilmente os cânones visuais do período Barroco com a estética crua da "street art", resultando numa interação impressionante de texturas e contrastes que evocam simultaneamente sensações de permanência e efemeridade.

 

As composições de Manuela Pimentel também unem o sagrado e o profano. Estão impregnadas de um dramatismo poético e racionalismo que convidam os espectadores a contemplar a natureza transitória da existência e o impacto duradouro dos legados culturais.

 

Linguagem Artística de Manuela Pimentel: Uma Fusão entre Tradição e Estética Urbana

A linguagem artística de Manuela Pimentel está profundamente enraizada num diálogo entre passado e presente, tradição e modernidade, permanência e impermanência. O seu trabalho constitui um intricado mosaico de referências culturais, onde a tradição portuguesa do azulejo se funde com a estética crua da arte urbana, criando composições que desafiam os limites entre a arte erudita e a expressão das ruas. 

 

Sobre Manuela Pimentel

 

O Papel do Azulejo na Sua Identidade Artística

Uma das características definidoras do trabalho de Pimentel é a sua reinterpretação do azulejo português, um elemento cerâmico tradicional que há séculos marca a identidade visual do país. Através do uso de fragmentos de cartazes urbanos descartados—recolhidos de paisagens citadinas e desgastados pelo tempo—ela reconstrói a linguagem visual do azulejo num novo formato. Estes fragmentos tornam-se a base das suas intervenções pictóricas, sobre as quais aplica camadas de tinta acrílica, recriando assim as figuras barrocas elaboradas que definem a era de ouro do azulejo português.

 

No entanto, o seu trabalho não se limita a replicar a estética histórica, ele reinventa-a. Por meio de texturas abstratas, pinceladas expressivas e a integração de materiais inesperados, Pimentel expande o conceito do azulejo além da sua função decorativa, posicionando-o como uma afirmação artística contemporânea que dialoga com a história local e com as tendências artísticas globais.

 

 

Arte Urbana e a Estética da Decomposição

O trabalho de Pimentel apresenta afinidades com o Movimento Décollage, pioneirizado por artistas como Mimmo Rotella, Raymond Hains e Jacques Villeglé, que utilizavam camadas de cartazes publicitários rasgados para criar composições urbanas dinâmicas. De forma semelhante, Pimentel abraça a materialidade da decomposição, incorporando as imperfeições, rasgões e texturas dos cartazes encontrados no seu processo artístico, permitindo que o tempo e o ambiente se tornem coautores das suas criações. 

 

Este aspeto da efemeridade - a forma como os elementos se deterioram, se transformam e ressurgem em novos contextos - é central para a sua filosofia artística. Não só reflecte a natureza transitória da cultura urbana, como também ressoa com a sensibilidade barroca, onde os contrastes dramáticos, o movimento e a imperfeição desempenham um papel vital na expressão artística.

 

O contraste entre os delicados detalhes ornamentais e as texturas rasgadas e desgastadas intensifica a dualidade presente na sua obra, evocando simultaneamente elegância e destruição, nostalgia e reinvenção.

 

 

Para Além das Fronteiras: Redefinir o Azulejo para um Público Global

Ao deslocar o azulejo para além da sua função tradicional e incorporar elementos artísticos contemporâneos, Manuela Pimentel reposiciona-o como uma linguagem artística universal. O seu trabalho transcende as limitações do património cultural, convertendo o azulejo não apenas num testemunho do passado, mas num meio de narrativa artística contemporânea.

 

Através desta fusão de referências históricas, estética urbana e experimentação material, Pimentel eleva o azulejo de um objeto decorativo para uma afirmação conceptual, demonstrando que as formas artísticas tradicionais podem ser continuamente reinterpretadas para permanecerem relevantes, provocadoras e ressoantes à escala global.

 

  

Poéticas Revolucionárias: De Lisboa ao México

A exposição Poéticas Revolucionárias estreou-se em maio de 2024 no Museu Nacional do Azulejo, um espaço intrinsecamente ligado ao legado da azulejaria portuguesa. A mostra explorou temas de mudança social, resistência e reflexão pessoal, desafiando leituras convencionais da azulejaria tradicional. A transição desta exposição para o México sublinha a universalidade dos seus temas, destacando diálogos históricos entre Portugal e a América Latina.

 

Sobre Manuela Pimentel

 

Exposição Coletiva em Macau: Memórias, Legados, Mutações

A participação de Manuela Pimentel na exposição coletiva Memórias, Legados, Mutações, que ocorreu, num passado recente, em Macau no “Museu de Arte de Macau - MAM”, reforça ainda mais a dimensão global do seu trabalho.

 

Esta exposição reuniu artistas que exploram temas de transformação histórica e identidades em evolução, em perfeita sintonia com a abordagem artística de Pimentel. A sua contribuição reafirma a capacidade de conectar diferentes geografias e momentos históricos através da narrativa visual.

 

Sobre Manuela Pimentel

 

Conclusão

Manuela Pimentel continua a desafiar os limites da arte contemporânea portuguesa e global, transformando materiais do quotidiano em poderosas reflexões sobre memória, história e mudança. Através de Poéticas Revolucionárias e do seu envolvimento em "Memórias, Legados, Mutações", Manuela Pimentel solidifica o seu lugar como uma voz crítica na arte contemporânea, fazendo a ponte entre o passado e o presente por meio de uma linguagem artística em constante evolução. O seu trabalho é um convite a repensar a tradição, a envolver-se com a história e a abraçar o poder transformador da arte.

 

Art Paris 2025, THIS IS NOT A WHITE CUBE (stand E25)

Narrativas Resilientes: Memória, Identidade e a Hibridização das Formas

Para a Art Paris 2025, a THIS IS NOT A WHITE CUBE apresenta Narrativas Resilientes: Memória, Identidade e a Hibridização das Formas, um projeto que reúne três artistas portugueses—Ana Malta, Manuela Pimentel e António Faria—numa exploração profunda das interseções entre identidade, património cultural e experimentação artística. Assentes em narrativas tanto individuais como coletivas, as suas práticas reflectem o poder transformador da memória e da tradição na construção da arte contemporânea.

 

Ana Malta (apresentada pela primeira vez na Art Paris) investiga a relação íntima entre o corpo, a memória e os espaços domésticos. As suas composições de grande riqueza matéria fundem cores vibrantes com formas tridimensionais, convertendo o corpo num arquivo vivo de histórias e emoções. Ao transitar entre o pessoal e o universal, o seu trabalho sublima a experiência quotidiana, transformando-a num símbolo de identidade e pertença.

Ana Malta
Manuela Pimentel

Manuela Pimentel reinterpreta o azulejo tradicional português como um veículo de memória, história e sustentabilidade cultural. As suas pinturas escultóricas recuperam narrativas esquecidas, combinando o legado erudito da estética barroca com os códigos visuais da arte urbana. O recurso a materiais reaproveitados sublinha a impermanência e a consciência ecológica, criando um diálogo intenso entre o património e a contemporaneidade.

António Faria (também apresentado pela primeira vez na Art Paris) oferece uma visão melancólica e impactante da fragilidade da natureza através do desenho monocromático e da instalação multimédia. As suas obras evocam um mundo em decomposição, dramatizando o jogo entre memória, mortalidade e a ausência humana. Integrando frequentemente o desenho tradicional com vídeo, som e luz, Faria constrói ambientes imersivos que transcendem os limites do meio, convidando a uma introspeção profunda.

António Faria

 

 

Manuela Pimentel

Manuela Pimentel

António Faria

António Faria

Ana Malta

Ana Malta

About the author

Graça Rodrigues