Patrick Bongoy República Democrática do Congo, 1980

Apresentação

Patrick Bongoy trabalha predominantemente com materiais de desperdício, como pneus usados e câmaras de ar, embalagens industriais, sacos de juta, têxteis e cordas. O artista recorta estes materiais reciclados e utiliza-os habilmente para criar esculturas e relevos complexos. Figurativos — com a produção de figuras humanas inquietantes pousadas no chão — ou abstractos — através de composições de borracha tecidas, sobrepostas ou coladas, montadas na parede e apresentando padrões geométricos, estratificados ou orgânicos que frequentemente combinam formas circulares, laçadas, cabos pendentes e cintas — o processo meticuloso do artista inspira-se nas técnicas tradicionais de cestaria, ao mesmo tempo que remete para o trabalho físico que marcou o quotidiano na RDC.

 

Embora residente na África do Sul, a obra do artista remete continuamente para a sua cidade natal, Kinshasa, e para os enormes custos humanos envolvidos na luta pelos recursos naturais. O trabalho do artista evoca igualmente o tema da alienação existencial causada pela falta de abrigo, deslocação e migração, e os seus efeitos nas definições de identidade. As reflexões de Bongoy, materializadas através das suas instalações pesadas e predominantemente negras, evocam aspectos específicos de desumanização que ocorrem quando comunidades são afectadas por narrativas históricas tóxicas, violações sociopolíticas e degradação ambiental.

 

As figuras humanas presentes no seu trabalho encontram-se frequentemente presas em densas teias de tiras de borracha e juta, uma metáfora visual dos abusos sofridos pelo povo congolês devido a regimes corruptos, à colonização e à globalização. Para o artista, a poluição ambiental engloba “a erosão da viabilidade económica das pessoas, a decadência sociocultural que afecta os comportamentos colectivos e individuais, e as paisagens naturais e urbanas”.

 

Com a utilização de materiais altamente duráveis, mas descartados, e através da sua reciclagem e transformação em obras de arte valiosas e significativas, o artista injecta simultaneamente esperança e notas de optimismo no seu discurso socioeconómico, promovendo a sustentabilidade e destacando os processos saudáveis de resiliência material e espiritual perante a adversidade.

 

Patrick Bongoy estudou na Academia de Belas-Artes de Kinshasa e fugiu para a África do Sul em 2013 após ter participado numa obra de protesto politicamente provocadora. O seu trabalho integra importantes colecções públicas e privadas em todo o mundo, incluindo a IZIKO South African National Gallery e a UNISA Art Gallery (Joanesburgo). Patrick Bongoy participou em numerosas exposições colectivas, incluindo feiras de arte contemporânea como a 1-54 Contemporary (Londres e Paris), AKAA (Paris), ARCO (Lisboa), Contemporary Istanbul e a Trienal de Stellenbosch. Projectos colectivos incluem ainda Intersections, da THIS IS NOT A WHITE CUBE (Banco Económico, Angola, 2019–20); Discourses of Decoloniality, comissariado por Graça Rodrigues e Sónia Ribeiro (Not a Museum, Lisboa, 2020); e (IM)MATERIALITY (Not a Museum, Lisboa, 2022). Além disso, Bongoy realizou exposições individuais na galeria THIS IS NOT A WHITE CUBE (Lisboa e Angola), Gallery MOMO, Ebony/Curated e na Association of Visual Arts (AVA) na Cidade do Cabo.

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