António Ole Angola, 1951

Apresentação

António Ole nasceu em 1951, em Luanda, Angola, onde actualmente vive e trabalha. Viveu durante os anos da instrução primária na aldeia de Maiorca, próximo de Coimbra, de onde os seus avós paternos eram oriundos. Desta aldeia datam as primeiras memórias artísticas e a iniciação à prática do desenho. Regressado a Luanda, continua os estudos no Liceu Salvador Correios, mais tarde, com uma bolsa da Gulf Foundation, estudou cultura afro-americana e cinema na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, EUA. É licenciado pelo Center for Advanced Film Studies do American Film Institute, em Los Angeles, EUA.

É um artista multidisciplinar, destacado-se como um dos mais reconhecidos no seu país, com uma carreira vasta, iniciada no final dos anos 60 e um trabalho admiravel, marcado pela versatilidade de meios, incluindo pintura, escultura, fotografia, cinema e instalação. Esta abordagem multifacetada surgiu em parte como resultado de retrospectivas populares do final do século XX de produções de “mixed media practices” da primeira metade do século, bem como da turbulência e do caos perpetrados pela Guerra Civil Angolana, que durou intermitentemente de 1975 a 2002.

Os seus primeiros trabalhos configuravam frequentemente colagens planas, de inspiração surrealista de um período inicial que ficou ainda marcado pelo uso de cores vibrantes e padrões abstratos que evocam a banda desenhada e as telas de televisão. Após a eclosão da Guerra Civil em 1975, o trabalho de António Ole começou a assumir uma configuração mais realista em resposta às tragédias nacionais, traduzindo-se num progressivo regressso à fotografia e à produção cinematográfica. 

Ole foi um apoiador da causa da independência, documentando os esforços sociais contra a influência colonial em filmes aclamados como “Railway Workers” e “Rhythm of N'Gola Rhythms” de 1975 e 1978, respectivamente.

De forma geral, a sua obra resulta também das suas viagens e descobertas sendo frequentemente inspirada pelo local onde se encontra em dado momento. A influência da geografia demonstra o seu interesse pela rutura e pela ambiguidade tão caraterísticas de uma  produção marcada pela incorporação de found objects, por interpretações únicas da história pós-colonial recente e pela representação de questões contemporâneas na sociedade angolana.

A primeira exposição internacional de António Ole data de 1984 no Museu de Arte Afro-Americana de Los Angeles, a que se seguiram incontaveis mostras individuais e colectivas. Sob a direção artística de Okwui Enwezor, em 2015 expôs na Bienal de Veneza e a subsequente representou Angola na Bienal de 2017, onde se exibiram vários dos seus filmes, tais como: “Carnaval da Vitória” (uma curta-metragem sobre o carnaval pós-independência de Angola), “Ritmo do N'Gola Ritmos”, “No Caminho das Estrelas” (um documentário sobre o presidente angolano António Agostinho Neto), “Conceição Tchiambula Um dia, Uma vida” (um documentário sobre o campesinato em Angola) e “Sem Título” (um ensaio poético e ecológico).  

Em 2019, para assinalar os seus 50 anos de carreira, o Banco Económico, em Luanda, apresentou “50 Anos - Passado, Presente e Futuro”, integrando 40 obras do seu percurso em cinema, fotografia, pintura e escultura.

 

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